Dona artéria trabalha diariamente levando oxigênio e nutrientes a cidade do corpo humano. Faz o seu trabalho percorrendo toda a cidade para entregar o sangue e garantir a vida das células dessa cidade. Percorre desde os bairros nobres, como coração, passando pela cabeça, a central de comando onde o prefeito Cérebro, tomava as decisões e, sozinho, consumia boa parte das encomendas entregue pela dona artéria, muitos falavam que ele comia assim porque pensava demais. Ela leva vida à periferia da grande cidade, dois bairros bem próximos, separados na bifurcação da avenida Aorta, origem de duas avenidas grandes, as ilíacas, apesar de serem bem parecidas, uma é de esquerda e outra de direita.
Ao final desse trajeto, chegamos aos dois bairros mais distantes, os pés! Apesar de periféricos, não se engane, o corpo está em pé porque eles o sustentam. Dona artéria gosta de velocidade e presa pela facilidade de movimento, não gosta de ver seu percurso sendo dificultado por sujeiras nas vias, mesmo assim, chegou na cidade uma gangue de maus elementos que querem acabar com a tranquilidade do local e desejam tornar o ambiente ruim para seus moradores. Todos tremeram quando descobriram que o chefe da gangue era “o fumaça”, filho do lendário vilão, “o fumo”, nome que fazia o cérebro tremer de só de lembrar das notícias que os olhos lhe trouxera das outras cidades que passavam.
A trupe de desordeiros já de início implicaram com a artéria, pois sabia que se ela não chegasse a todos pontos de entrega, o pessoal sofreria e poderia morrer. Fumaça, o bandido mais difícil de se capturar, parecia até invisível. Ele sempre foi maldoso com a dona artéria, fazia questão de enlouquece-lá, botando muita pressão, até que ela ficasse a ponto de explodir. Além de toda sua capacidade de causar grandes males, ele ainda tinha seus comparsas, que ao verem a artéria mais frágil, entravam em ação. O LDL, da família do colesterol, tinha o apelido de “o ruim”, sempre grudava nas vítimas e ia se espalhando como gordura, fazendo da dona artéria o seu lar, tomava espaço e dificultava cada dia mais a passagem do entregador.
O sangue, se apertava costurando e desviando das placas que o gorduroso LDL deixava para atrapalhar a sua passagem. Outro membro, não menos malvado, o açúcar, chegava sempre doce, mas agia de forma silenciosa, quebrando as barreiras feitas para proteger o corpo, enganando o comandante do batalhão, o pâncreas. A glicose, primogênita do açúcar, agia sempre nos bairros afastados e acabava com as linhas de comunicação que o prefeito cérebro instalara em todos os bairros conhecidos como “nervos” e, com isso, o local ficava sem informações e sem condições de pedir ajuda.
A vilã ainda, abria as portas para que outras gangues entrassem, outros bandidos, como as irmãs bactérias, que destruíam as casas, matavam seus habitantes e deixavam um rastro que cheirava mal. A Vila Halux, ou como gostam de chamar, “o bairro do dedão”, fora arrasado e praticamente cortado do mapa. Essa revolta ficou conhecida na história como “A revolta do pé diabético”. Então, caros leitores, essa breve história alegórica me fez refletir e concluir que, se o corpo humano abrir território para esse bando, a artéria ficará doente e o corpo sofrerá as consequências da hipertensão, dislipidemia e diabetes. Portanto, lembre-se que o cuidado com as artérias tem que ser diário, evitando o malefício do tabagismo e realizando o controle da dislipidemia e da hiperglicemia.
Fonte: Revista Saúde (https://rsaude.com.br)