Síndrome do Desfiladeiro Torácico: Desvendando a Compressão Neurovascular no Ombro

A dor, formigamento e fraqueza no braço e mão são sintomas que podem ter muitas origens, desde problemas na coluna cervical até túnel do carpo. No entanto, uma causa frequentemente negligenciada e de manejo complexo é a **Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT)**. Esta síndrome ocorre quando o feixe neurovascular (plexo braquial, artéria subclávia e veia subclávia) é comprimido na estreita passagem anatômica localizada entre a clavícula, a primeira costela e os músculos escalenos. O cirurgião vascular desempenha um papel fundamental no diagnóstico dos tipos vasculares (venoso e arterial) e na cirurgia de descompressão, que pode ser a única solução para evitar danos permanentes e trombose.

Anatomia e Tipos de Compressão da Síndrome do Desfiladeiro Torácico

O desfiladeiro torácico é uma região anatômica crucial. A compressão pode ser causada por anomalias congênitas (como a presença de uma costela cervical extra) ou por fatores adquiridos (trauma, postura, hipertrofia muscular). A SDT é dividida em três categorias, dependendo da estrutura que é mais afetada:

1. SDT Neurogênica (95% dos Casos)

É a forma mais comum e envolve a compressão do **Plexo Braquial** (o feixe de nervos que controla o braço, antebraço e mão). Os sintomas são dor no pescoço/ombro, formigamento (parestesia) e fraqueza na mão. O diagnóstico é frequentemente clínico e confirmado por eletroneuromiografia. O tratamento inicial é conservador, com fisioterapia para alongar os músculos escalenos e corrigir a postura.

2. SDT Venosa (Trombose por Esforço – Síndrome de Paget-Schroetter)

Esta forma, embora rara, é uma emergência vascular. A compressão intermitente da **Veia Subclávia** pelo esforço repetitivo do braço (comum em atletas, como arremessadores, ou trabalhadores manuais) leva à lesão da parede da veia e à formação de um coágulo (**trombose por esforço**). O paciente apresenta inchaço súbito e cianose (coloração azulada) do braço, sem trauma aparente. O tratamento é imediato e exige trombólise ou trombectomia e, posteriormente, a descompressão cirúrgica definitiva.

3. SDT Arterial (Aneurisma Pós-Estenótico)

A compressão crônica da **Artéria Subclávia** pode causar uma lesão na parede do vaso, levando a um estreitamento (estenose) e, posteriormente, à dilatação (aneurisma pós-estenótico). Este aneurisma pode gerar pequenos coágulos (êmbolos) que viajam para as artérias do braço e mão, causando isquemia e dor, e, em casos graves, necrose nos dedos. Esta forma exige intervenção cirúrgica de descompressão e reparo arterial.

O Diagnóstico Vascular e a Importância da Posição

O diagnóstico da SDT é desafiador porque os sintomas são inespecíficos e podem mimetizar outras doenças. O cirurgião vascular utiliza testes dinâmicos para recriar a compressão.

Testes de Posicionamento e o Doppler

Testes clínicos, como o **Teste de Adson** ou a manobra de rotação e elevação do ombro, são realizados para tentar abolir o pulso ou exacerbar os sintomas, confirmando a compressão posicional. O **Ultrassom com Doppler Vascular** é a ferramenta essencial: ele avalia a compressão da veia e/ou artéria subclávia, medindo a velocidade do fluxo sanguíneo em diferentes posições (braço para baixo, braço elevado). A mudança significativa no fluxo arterial ou venoso com a manobra confirma a compressão funcional.

O Tratamento: Fisioterapia e Descompressão Cirúrgica

A abordagem da SDT depende do tipo e da gravidade da compressão. O cirurgião vascular integra o tratamento conservador com a indicação cirúrgica, quando necessário.

Tratamento Conservador (SDT Neurogênica)

Para a SDT Neurogênica, o tratamento inicial é predominantemente não cirúrgico. A **fisioterapia** é a base, focada em exercícios de alongamento dos músculos escalenos, fortalecimento dos músculos do ombro e correção postural. O objetivo é aumentar o espaço do desfiladeiro torácico, aliviando a compressão dos nervos. A melhora dos sintomas pode levar de 3 a 6 meses de terapia assídua.

A Cirurgia de Descompressão: Quando Intervir

A cirurgia é o tratamento definitivo e é essencial nos tipos venoso e arterial, e na SDT Neurogênica que não responde ao tratamento conservador e causa dor ou fraqueza incapacitante. O procedimento cirúrgico mais comum é a **ressecção da primeira costela** (via transaxilar ou supraclavicular), que é o principal ponto de compressão. A remoção da costela cria mais espaço, aliviando a pressão sobre os vasos e nervos. Nos casos arteriais, o cirurgião vascular também repara o aneurisma ou a estenose da artéria subclávia; nos casos venosos, a descompressão é seguida pelo tratamento da trombose e, por vezes, pela reparação da veia danificada. A cirurgia é o único meio de evitar a trombose venosa de repetição ou a isquemia arterial grave.

A Síndrome do Desfiladeiro Torácico é um diagnóstico que exige persistência investigativa. A compressão neurovascular pode ser sutil, mas as consequências – da dor crônica à perda de função ou trombose – são severas. Se você tem dor no pescoço, ombro e braço que piora com o esforço ou em posições específicas, e que não foi resolvida por tratamentos convencionais, procure a avaliação especializada do Dr. Antonio Queiroz. A identificação e a descompressão correta podem restaurar a saúde e a funcionalidade do seu membro superior.

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