Claudicação Intermitente: O Sintoma Chave da Doença Arterial Periférica (DAP)

A dor nas pernas ao caminhar é frequentemente ignorada ou atribuída ao envelhecimento, problemas na coluna ou cãibras musculares. Contudo, quando essa dor surge de forma consistente durante o exercício e desaparece com o repouso, ela tem um nome específico e uma causa vascular clara: **Claudicação Intermitente**. Este é o sintoma cardinal da **Doença Arterial Periférica (DAP)**, que é o estreitamento ou oclusão das artérias dos membros inferiores, causada pela aterosclerose. A Claudicação não é apenas um problema de mobilidade; é um sinal de alerta de doença arterial sistêmica grave que exige a atenção imediata do cirurgião vascular. Entender o que a dor está comunicando é crucial para o salvamento do membro e, em última instância, da vida.

O Mecanismo da Dor: Isquemia Induzida pelo Exercício

A Claudicação Intermitente ocorre porque as artérias estreitadas não conseguem fornecer sangue suficiente para satisfazer a demanda de oxigênio dos músculos da perna durante o esforço. Em repouso, o suprimento é suficiente, mas ao caminhar, a demanda muscular aumenta drasticamente. A discrepância entre a oferta (bloqueada) e a demanda (alta) resulta em isquemia muscular temporária, causando a dor e a cãibra.

Fatores de Risco e a Aterosclerose

A DAP e, consequentemente, a Claudicação Intermitente, compartilham os mesmos fatores de risco da doença arterial coronariana e da aterosclerose cerebral. Os principais são: **tabagismo** (o fator mais agressivo), **Diabetes Mellitus**, **hipertensão arterial** e **dislipidemia** (colesterol alto). A presença de Claudicação Intermitente eleva o risco de eventos cardiovasculares graves (infarto, AVC), pois indica que a doença arterial está generalizada. O tratamento, portanto, visa não apenas a perna, mas também a estabilização da doença sistêmica.

A Progressão da DAP: Do Repouso à Isquemia Crítica

A Claudicação Intermitente representa a fase sintomática inicial da DAP. Se a doença não for controlada, ela pode progredir para estágios mais graves, ameaçando a viabilidade do membro. O cirurgião vascular utiliza a classificação de Rutherford para definir a gravidade.

Claudicação, Dor de Repouso e Perda do Membro

Na fase de Claudicação (graus 1 a 3), a dor só ocorre ao caminhar, sendo o principal objetivo do tratamento aumentar a distância percorrida. No entanto, se o estreitamento arterial progredir, a isquemia se torna tão severa que o paciente começa a sentir **Dor de Repouso** (grau 4), geralmente à noite e nos pés, que só alivia ao pendurar a perna para baixo. Este é um sinal de alerta grave. Os estágios mais avançados (graus 5 e 6) são caracterizados pela presença de **úlceras e gangrena** (morte do tecido), compondo o quadro de Isquemia Crítica de Membros (ICM), que tem alto risco de amputação e exige revascularização de emergência.

O Diagnóstico Vascular e a Distância da Dor

O diagnóstico da Claudicação Intermitente é clínico, mas o cirurgião vascular precisa de exames para confirmar a extensão da DAP e planejar o tratamento.

Testes Funcionais e Mapeamento Arterial

O **Índice Tornozelo-Braquial (ITB)** é a triagem inicial: um valor abaixo de 0.9 confirma a DAP. O **Teste de Esteira** pode ser realizado para medir com precisão a distância percorrida até o início da dor. O **Ultrassom com Doppler Arterial** mapeia a localização exata das placas de gordura e o grau de estreitamento arterial (estenose). Em casos de necessidade de intervenção, a **Angiotomografia (AngioTC)** ou a **Angiografia** fornecem o mapa detalhado para guiar os procedimentos de revascularização.

O Tratamento Multimodal: Exercício, Medicação e Revascularização

O tratamento da Claudicação Intermitente é focado em três pilares: controle de fatores de risco, melhoria da mobilidade e, se necessário, restauração do fluxo sanguíneo.

Controle e Caminhada Supervisionada

O controle rigoroso do Diabetes, Hipertensão e Colesterol é obrigatório. A terapia mais eficaz para aumentar a distância de caminhada na Claudicação Intermitente é o **Exercício Terapêutico Supervisionado**. O paciente é encorajado a caminhar até o ponto da dor e parar, repetindo o ciclo. Essa prática estimula a formação de novos vasos colaterais, que desviam o sangue doente, melhorando a irrigação muscular ao longo do tempo. Medicamentos antiplaquetários (como o AAS) e drogas que melhoram a circulação (como o Cilostazol) também são frequentemente utilizados.

Revascularização pelo Cirurgião Vascular

Se a Claudicação for grave e refratária ao tratamento conservador, ou se a doença progredir para a Isquemia Crítica, a revascularização é necessária. O cirurgião vascular escolhe entre duas principais técnicas:

  • **Angioplastia e Stent:** Procedimento endovascular minimamente invasivo que desobstrui as artérias, sendo a primeira escolha em muitas lesões.
  • **Bypass (Ponte):** Cirurgia aberta que desvia o fluxo sanguíneo em torno da obstrução, ideal para lesões muito longas ou complexas.

A revascularização é a única forma de garantir que o membro receba o oxigênio necessário para o exercício e a sobrevivência do tecido.

A Claudicação Intermitente não é um incômodo passageiro, mas um sinal claro de que suas artérias estão em sofrimento. Não permita que a doença evolua para a perda do membro. Procure o Dr. Antonio Queiroz para uma avaliação vascular completa. Através do diagnóstico preciso e da intervenção estratégica, podemos restaurar sua mobilidade, protegendo você dos riscos sistêmicos da Doença Arterial Periférica.

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