Trombose Venosa Profunda (TVP): Riscos, Sintomas e a Urgência do Tratamento Vascular
A Trombose Venosa Profunda (TVP) é uma condição séria que ocorre quando um coágulo de sangue (trombo) se forma em uma ou mais veias profundas, geralmente nas pernas. A TVP é um problema de saúde pública que exige diagnóstico rápido e tratamento imediato, pois o risco não reside apenas no inchaço e dor na perna, mas na possibilidade desse coágulo se soltar e viajar para os pulmões, causando o temido Tromboembolismo Pulmonar (TEP), que é potencialmente fatal. O cirurgião vascular é o especialista treinado para gerenciar essa urgência, desde o diagnóstico até a prevenção de suas sequelas crônicas.
A Tríade de Virchow: Os Fatores para a Formação do Trombo
A formação de um trombo venoso é explicada pela clássica **Tríade de Virchow**, que descreve os três principais fatores de risco que, quando presentes, aumentam drasticamente a chance de ocorrência da TVP. Entender essa tríade é o primeiro passo para a prevenção.
1. Estase Venosa (Fluxo Lento)
A estase ocorre quando o sangue flui de forma lenta pelas veias. Situações de imobilidade prolongada são as maiores culpadas. Isso inclui **cirurgias longas**, **internações hospitalares**, o uso de gesso ou imobilizadores nas pernas e, notoriamente, **viagens aéreas ou terrestres com duração superior a 4 horas** sem movimentação. A panturrilha atua como nosso “coração periférico”, bombeando o sangue de volta ao coração; quando esse mecanismo falha, o risco de coagulação aumenta. A movimentação e a hidratação são as chaves preventivas nesses cenários.
2. Lesão Endotelial (Dano à Parede da Veia)
Qualquer dano à camada interna da veia (o endotélio) pode ativar o processo de coagulação. Isso pode ocorrer devido a **traumas diretos** na perna, **cirurgias vasculares** prévias, ou a colocação de **cateteres venosos centrais**. A lesão expõe componentes sanguíneos que iniciam a cascata de coagulação no local, funcionando como um “gatilho” biológico para a formação do coágulo. A manipulação cautelosa das veias durante procedimentos é essencial para minimizar este risco.
3. Hipercoagulabilidade (Aumento da Tendência de Coagulação)
Este é o componente que torna o sangue “mais grosso” ou mais propenso a coagular. As causas são variadas e incluem **doenças genéticas** (trombofilias hereditárias, como a deficiência de Proteína C ou S), o uso de certos **medicamentos hormonais** (como anticoncepcionais orais com alta dose de estrogênio), **gravidez**, **câncer** e o **puerpério** (pós-parto). Em pacientes jovens com TVP sem causa aparente, a investigação de trombofilias hereditárias é uma etapa obrigatória da avaliação do cirurgião vascular.
Sinais de Alerta: Quando Procurar o Cirurgião Vascular com Urgência
Os sintomas de TVP são, na maioria das vezes, localizados e unilaterais. Embora a doença possa ocorrer em qualquer veia profunda, a perna é o local mais comum. Reconhecer os sinais é vital para a busca imediata por auxílio médico.
Os Sintomas Clássicos da TVP
O sinal mais frequente é o **inchaço (edema) súbito e assimétrico** em uma das pernas, que não melhora com o repouso. A perna afetada também pode apresentar **dor ou sensibilidade** (principalmente na panturrilha ou coxa), **calor ao toque** e, em alguns casos, **vermelhidão (eritema)** ou cianose (coloração azulada). A dor é frequentemente descrita como uma cãibra persistente ou uma sensação de peso. Se você notar o surgimento repentino desses sintomas, não utilize compressas quentes ou massageie a área, pois isso pode deslocar o coágulo; procure o especialista imediatamente.
Diagnóstico Padrão Ouro: Ultrassom com Doppler Venoso
O diagnóstico da TVP é confirmado de forma rápida e não invasiva pelo **Ultrassom com Doppler Venoso**. Este exame permite ao cirurgião vascular visualizar diretamente as veias, identificar a presença do trombo (coágulo) e avaliar a ausência de compressibilidade e de fluxo sanguíneo no vaso afetado. É um exame crucial que deve ser realizado o mais breve possível para confirmar o diagnóstico e iniciar o tratamento antes que o coágulo se propague ou embolize (se solte).
O Tratamento Imediato e a Prevenção do TEP
O tratamento da TVP tem dois objetivos primários: impedir que o coágulo cresça e se solte (prevenindo o TEP) e reduzir o risco de sequelas a longo prazo (Síndrome Pós-Trombótica).
Anticoagulação Imediata
A pedra angular do tratamento é a **anticoagulação**. Medicamentos anticoagulantes (como heparina ou novos anticoagulantes orais – DOACs) não dissolvem o coágulo existente; eles impedem que ele cresça e dão tempo ao corpo para reabsorvê-lo naturalmente. A anticoagulação é iniciada imediatamente após o diagnóstico e mantida por um período que varia de 3 a 6 meses, dependendo da causa (se foi provocada por um fator temporário ou se é de causa inexplicada).
Intervenções em Casos Severos
Em casos de TVP extensa, que ameaça a viabilidade da perna (Flegmasia Cerulea Dolens) ou em casos de TEP de alto risco, o cirurgião vascular pode realizar procedimentos mais agressivos, como a **trombólise dirigida por cateter** (injeção de medicamentos para dissolver o coágulo diretamente no trombo) ou a **trombectomia mecânica** (remoção do coágulo por sucção). Em pacientes com alto risco de sangramento que não podem usar anticoagulantes, pode ser indicado o implante de um **Filtro de Veia Cava** para “capturar” coágulos que se soltem, impedindo que cheguem ao pulmão, embora seu uso seja reservado a situações muito específicas.
A Trombose Venosa Profunda é uma doença grave, mas tratável. A rapidez no diagnóstico e o início imediato da anticoagulação são a chave para evitar o Tromboembolismo Pulmonar. Se você reconhece os fatores de risco ou apresenta os sintomas, sua busca por um cirurgião vascular deve ser imediata. Não espere para tratar, pois cada hora conta na prevenção de uma complicação fatal.
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