Aneurisma de Aorta Abdominal (AAA): Silencioso, Letal e Tratável Pelo Cirurgião Vascular
A aorta é a rodovia principal do sistema circulatório, transportando o sangue rico em oxigênio do coração para todo o corpo. O **Aneurisma de Aorta Abdominal (AAA)** é uma dilatação anormal e progressiva dessa artéria na região do abdômen, que enfraquece a parede do vaso. Por ser majoritariamente assintomático, o AAA é frequentemente chamado de “assassino silencioso”. Sua complicação mais temida, a ruptura, é uma emergência médica com altíssima taxa de mortalidade. A boa notícia é que, quando detectado precocemente, o AAA é totalmente tratável pelo cirurgião vascular. Entender os riscos e a necessidade de rastreamento pode salvar vidas.
O Que Causa o AAA e Quem Está em Risco?
O desenvolvimento do Aneurisma de Aorta Abdominal está intrinsecamente ligado a um processo degenerativo da parede arterial, onde a elasticidade é perdida e há um enfraquecimento estrutural. Este processo é acelerado por diversos fatores de risco que, se controlados, podem diminuir a incidência da doença, ou, no mínimo, garantir o diagnóstico oportuno.
Fatores de Risco Inegociáveis
O **tabagismo** é o fator de risco mais potente para o desenvolvimento e crescimento do AAA. Fumantes têm um risco até quatro vezes maior de desenvolver a doença em comparação com não-fumantes. A cessação do tabagismo é a intervenção mais eficaz para retardar o crescimento de um aneurisma já existente. Outros fatores importantes incluem **idade avançada** (acima de 65 anos), **sexo masculino** (os homens são mais afetados, embora a ruptura em mulheres seja mais letal) e **histórico familiar** (ter um parente de primeiro grau com AAA aumenta significativamente o risco). O diagnóstico e o acompanhamento desses grupos são prioritários na cirurgia vascular.
Doenças Associadas e Hipertensão
Doenças crônicas como a **hipertensão arterial** (pressão alta) e a **doença arterial coronariana** (problemas no coração) também estão frequentemente associadas ao AAA. A pressão arterial elevada coloca estresse mecânico constante na parede da aorta já enfraquecida, acelerando sua dilatação. O controle rigoroso da pressão arterial e de outros fatores cardiovasculares é parte integrante do manejo de qualquer paciente com AAA, seja ele em vigilância ou pré-operatório. Além disso, a presença de aneurisma em outros locais (como artérias poplíteas) deve levar o médico a investigar ativamente o AAA.
O Diagnóstico e a Importância do Rastreamento Vascular
O aneurisma é frequentemente assintomático, sendo descoberto de forma incidental durante exames de rotina (como ultrassom abdominal para outras queixas). No entanto, quando os sintomas aparecem, eles podem indicar um rápido crescimento ou, pior, a iminência de ruptura.
Sinais de Alerta e Sintomas
Quando sintomático, o AAA pode causar dor abdominal profunda, persistente ou na região lombar. Essa dor pode ser confundida com problemas na coluna ou nos rins, exigindo um alto índice de suspeita. A ruptura do aneurisma é caracterizada por uma dor abdominal ou lombar súbita e excruciante, seguida de sinais de choque (queda da pressão arterial, pulso rápido), constituindo uma emergência de vida ou morte que exige cirurgia imediata.
O Rastreamento com Ultrassonografia
O cirurgião vascular defende o rastreamento populacional em grupos de risco. A diretriz amplamente aceita é que **todos os homens, fumantes ou ex-fumantes, com idade entre 65 e 75 anos**, devem realizar um **Ultrassom com Doppler** de aorta abdominal. Este exame é rápido, não invasivo, barato e altamente preciso na medição do diâmetro da aorta, sendo a ferramenta mais eficaz para o diagnóstico precoce e a vigilância de aneurismas pequenos, onde o risco de ruptura é menor que o risco da cirurgia.
O Tratamento: Reparo Endovascular (EVAR) vs. Cirurgia Aberta
A decisão de intervir cirurgicamente é tomada quando o aneurisma atinge um diâmetro crítico (geralmente 5,5 cm em homens e 5,0 cm em mulheres ou em casos de rápido crescimento). O objetivo da cirurgia é prevenir a ruptura, substituindo ou reforçando a área enfraquecida.
O Reparo Endovascular de Aneurisma (EVAR)
O EVAR é a técnica minimamente invasiva que se tornou o padrão ouro para a maioria dos pacientes. Através de pequenas incisões nas virilhas, o cirurgião vascular navega com um cateter pela artéria até o aneurisma, liberando uma **endoprótese** (uma espécie de stent revestido) que reforça a parede da aorta por dentro. A prótese isola o aneurisma do fluxo sanguíneo, reduzindo a pressão e o risco de ruptura. O EVAR resulta em menor tempo de internação, recuperação mais rápida e menor morbidade cirúrgica, sendo ideal para pacientes mais idosos ou com comorbidades cardíacas.
A Cirurgia Aberta Tradicional
A cirurgia aberta é o método tradicional, que envolve uma incisão abdominal para acessar e substituir a parte doente da aorta por um tubo sintético (enxerto). Embora seja um procedimento mais invasivo, a cirurgia aberta é extremamente durável e ainda é a melhor opção para aneurismas com anatomia complexa (pescoços curtos, angulações extremas) ou para pacientes jovens com poucas comorbidades, devido à sua longevidade. O cirurgião vascular é o único especialista capacitado para realizar ambas as técnicas, escolhendo a melhor abordagem baseada na anatomia do paciente.
O AAA é uma doença que, se não tratada, tem consequências catastróficas. No entanto, com a vigilância ativa, o rastreamento correto e as técnicas avançadas de reparo endovascular e cirurgia aberta, oferecidas pelo cirurgião vascular, podemos garantir segurança e longevidade aos nossos pacientes. Não negligencie os fatores de risco e a importância do rastreamento se você se enquadra no grupo de risco. Cuidar das suas artérias é zelar pela sua vida.
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